Há já algum tempo que ando a pensar ser Dadora de Medula Óssea... Mas por preguiça ou comodismo ou de tudo um pouco vou sempre adiando... Amanhã... Mas agora vai mesmo ter de ser... Por uma questão de princípios... Por ver o amor dos pais da Marta... Por saber que como eles há tantos pais e filhos que podem precisar... E não custa... Agora vai ser a sério... Vou descobrir o ponto de recolha mais próximo...
Para quem não conhece o caso... Sugiro...
Não custa nada ser solidário...
Quando mudei de casa nunca me passou pela cabeça sentir falta do senhor da mercearia... Digo isto sem segundas intenções, sem maldade e sem ter em mente nenhum senhor da mercearia específico... O que pretendo dizer é que a decisão de mudar de casa mudou por completo as rotinas, os acessos e a disponibilidade... Ora vejamos... Antigamente se queria qualquer coisa da mercearia, descia as escadas, percorria meia dúzia de metros e lá estava ela... Agora... Desço ao piso -1, tiro o carro da garagem, apanho quatro rotundas entupidas de carros, chego ao centro comercial com hipermercado, procuro lugar para estacionar, subo a passadeira rolante, levo encontrões de 15% das pessoas com quem me cruzo e depois de já ter metido no carrinho tudo o que não preciso e de ter gasto o que não devia, faço o percurso inverso.... Tudo isto para chegar a casa de mau humor e ainda descobrir que me esqueci de comprar o que queria mesmo!
Ai, senhor da mercearia...
Depois de um desgastante dia de trabalho (que eu também tenho dias assim) vou a suportar os risos histéricos promovidos por alterações hormonais da pré adolescência... Não tenho paciência para isto, juro! Não quero ser bota-de-elástico, nem de forma alguma castrar uma pretensa alegria de uma juventude que já não é a minha, mas o que é certo é que se torna incomodativo. Provavelmente há quem pense... Estás é velha!
Não quero saber!
A Princesa lançou-me um desafio: a confissão dos meus 7 pecados mortais, que são eles:
Gula - Comer a toda a hora e/ou além do necessário;
Avareza - Cobiça de bens materiais e/ou dinheiro;
Inveja - Desejar atributos, status, posses e/ou habilidades de outra pessoa;
Ira - É a função dos sentimentos de raiva, rancor e ódio. Por vezes é incontrolável;
Soberba - Falta de humildade, alguém que se acha auto-suficiente;
Luxúria - Apego aos prazeres carnais;
Preguiça - Aversão a qualquer trabalho ou esforço físico.
As regras do desafio são:
- Revelar a nossa relação com os pecados capitais;
- Nomear 8 blogues para responder ao desafio.
Por isso... Mãos à obra...
Gula... Confesso-me desde já culpada... Sou Gulosa, aprecio salgados e doces, não tenho olhado para os excessos... Mas com esse atitude a balança já reclama bem alto (ou de forma pesada, como queiram)... Sim... Peco pela gula, por não controlar impulsos de devoradora nata, de compulsiva consumidora de tudo o que faz mal... Mas num momento de excepcional lucidez sou capaz de parar, de me controlar, porque não quero mais, porque já não gosto, porque no fim de contas eu não quero isto assim... Contudo assumo o meu primeiro pecado!
Avareza... Não vou ser hipócrita... Considerando a definição que consta no início... Sou Avara q.b.! Como comodista que sou, amante do conforto e do bem estar... Do "viver bem"... Sou avara, porque se precisa de dinheiro para tudo, para todos os prazeres. Porque na nossa sociedade o dinheiro é "mandante"... Paga a casa, a água, o gás, a luz, a internet... Porque se precisa de dinheiro para ir à consulta de determinada especialidade, mas convém ter dinheiro para ir pagando o seguro de saúde... Porque até para se ter passe social é preciso dinheiro... Porque quando se bebe um café se paga com dinheiro... Porque não vivemos só de ar e bonitas acções... Por muito que nos encham as medidas os gestos de carinho não nos alimentam, não nos matam a sede, nem nos servem de agasalho... Porque me fiz à medida dos nossos dias... Assumo o meu segundo pecado!
Inveja... De uma forma redutora (se preferirem digam que arrogante que tanto me faz)... Eu não quero lá saber do que os outros têm! Já me chega de forma egocêntrica preocupar-me com os problemas que me dizem respeito a mim e aos meus, tenho lá tempo, paciência ou feitio para querer saber se "a galinha da vizinha é mais gorda do que a minha"! Não... Invejosa NÃO SOU!
Ira... Sou de extremos... Ou me lembro de tudo ... Ou não me lembro de nada... O que fica pelo meio, o que me desagrada, me remexe, me enerva, me irrita, me pertuba... Fica guardado num banho-maria (in)finito... E assim, por vezes, sinto indignação, irritação... Uma pontinha de agressividade a espreitar de um canto qualquer... Por vezes escapa-me um comentário ácido... Mas nunca colérico... Ira... Um nadinha... Mas não há perigo!
Soberba... Não me considero auto-suficiente... Sou um nadinha Dependente... No entanto tenho um pouco aquela atitude de nariz empinado, mania que sabe tudo e que consigo fazer as coisas sozinha... Mas é só mania... Que no fim de contas estou sempre a contar com as minhas "Bengalas" para me lembrarem que tenho de fazer isto ou aquilo, que está na hora de me levantar... Por isso... Soberba... Só mesmo na aparência... Se é que convenci alguém com este meu ar...
Luxúria... Acho que dizer apego aos prazeres carnais é muito redutor... Especialmente porque não vejo onde está o mal... Mas tudo bem... Há por aí outra definição em que Luxúria é o desejo passional e egoísta por todo o prazer sensual e material... Continua a ser pecado?
Preguiça... Eu até gosto de trabalhar... Até gostava de ir mais vezes ao ginásio... Logo, por esta sequência de ideias... Não sou preguiçosa... Mas para ser honesta, tenho que dizer a verdade... Sou Preguiçosa... Se de manhã a cama está quente e lá fora um frio de rachar... Claro que prefiro ficar sossegada no quentinho... Se está a dar aquela série que adoro num canal qualquer de cabo... Obviamente opto por uma posição bem confortável no sofá e nem me mexo para ir buscar um copo com água... Se há uma série de situações que me dão mais prazer do que as que implicam um esforço físico mais acentuado... Se posso optar.. Sou Preguiçosa! Mas não pensem... Há obrigações que tenho de cumprir... E aí, mesmo que tenha preguiça... Tenho de as fazer!
E tenho dito...
Agora a parte que acho mesmo complicada... Desafiar oito bloguistas... Hum...
Vou então passar a batata quente a:
Até lá...
Estiquei as pernas...
Encostei-me à cadeira como quem não quer a coisa... E não quis.
Fiquei sentada de pernas estendidas à espera da passagem do tempo.
Está frio... E tenho sono...
Tenho andado assim... Entre o frio e o sono, numa atitude de sonâmbula... Ou será uma questão de falta de atitude?
Traz na mão os bilhetes para o circo (ou será para o Jardim Zoológico?)... Separa-os com uma delicadeza que destoa da secura do rosto carrancudo e fechado. Do outro lado um tronco curvado, pensativo olha pela janela, vidro riscado e rabiscado, para o fim do rio... Mais além, confidências de um casal, misturam sorrisos forçados e revirares de olhos...
Óculos escuros a dissimular o sono imenso que resta de outra noite em claro... Más notícias no interior de um jornal que no rosto traz "Positive vibe"...
E... Última paragem... Sem parar... Há que seguir para o próximo transporte. As ruas cheiram ao Tejo. Gosto...
No interior do autocarro que quase fecha as portas sem me deixar entrar, e já depois de agradecer a bondade de uma viagem paga no início do mês, sento-me...
Já não observo, como dantes, os pés dos passageiros. Tornei-me descarada e olho quem entra sem curiosidade.
Vejo nas montras promoções, baixas e rebaixas... Contudo as lojas estão vazias. Se ainda estão fechadas...
No Rossio só as fontes parecem sorrir. Um homem, de mãos nos bolso, cabelo pastoso e olhar vago grita qualquer coisa...
Manifestam-se mais activos os reformados que teimam em utilizar os transportes públicos nas horas de maior movimento.
Sussurra-me ao ouvido uma voz conhecida: " You worry about the wrong things"... Ele lá sabe!
Geralmente opto por uma camisola preta, branca... Cinzenta... Umas calças de ganga e umas botas... Por vezes uns ténis... Pretos ou cinzentos... E ao ver-me no espelho, encontro uma impressão a positivo ou negativo de uma fotografia a preto e branco, com os cantos comidos pelo tempo que não se considerou. O acne extemporâneo, cravando sombras em áreas estratégicas, a noite que não se dormiu na cava da roda dos olhos...
E nesta imagem soturna me vejo, sem cor e sem brilho. Nem mesmo o branco dos olhos parece claro! Nem um lampejo de vida, um indício. Apenas uma imagem a grão fino preso nas pestanas.
E culpa de quem? De mim, de mim que me afundo sem me ver. Que me deixo cair com pena de ser como sou, mas que nada faço para me alcançar.
Traduzo os meus dias numa cobardia venenosa que me fustiga e frustra. E vou ao sabor da corrente de um rio estagnado e putrefacto.
E o espelho que devolve o meu retrato fica preso na parede...
Mas hoje não quero fugir nem de mim, nem de nada ou de ninguém. Vou levantar o que sou, suster a respiração até me superar e suportar.
E amanhã vou inventar-me no que já fui e fiz, sem medo de errar. E se me enganar vou pegar noutros tons e voltar a pintar(-me).
The irony of life is when an amazing story turns into a lie that runs out of your days and leaves you with nothing to hang on.
Numa altura em que se fala em benefícios fiscais sobre os donativos, a melhor forma de poupar no IRS, da magia perdida, das tradições que já não temos... Numa fase da nossa vida económica em que devemos poupar tanto que o mais correcto será dizer eco (não de ecologia, embora também esteja em crise)... Num momento em que só vemos nos jornais as habituais desgraças, acidentes de viação e as percentagens de aumentos para o próximo ano... No meio de tudo isto queria deixar o meu voto o mais sincero possível (que eu também sou capaz de sentimentos nobres) de um Santo e Feliz Natal!
Dentro de um autocarro em plena Lisboa, o trânsito habitual para uma manhã de trabalho... Infernal... O interior rebenta pelas costuras, empurrões, desesperos, vozes alteradas e o calor dos corpos confinados a tão pequeno espaço...
Então, a uma voz...
"Que falta de consideração! Atirar-se assim... Para a linha à hora de ponta!? Queria Suicidar-se, fazia isso em casa com veneno para os ratos e já não incomodava ninguém!"
"Se eu estou velha, tu estás rabugenta!"
Num choramingar infantil...
"Não estou não, mãe... Estou cansada!"
"Olha... Hadem ligar para mim, mas não hadem saber com quem hadem falar..."
Sentados numa mesa de café, uma bica e um copo já sem água...
"Eh pá!... Podes ir ter com a tua mãe, que eu não te quero aqui?"
"Mas... Pai!"
A refeição decorria com toda a calma do mundo, em silêncio... Adultos e crianças com os olhos voltados para dentro num restolhar mudo...
Um latido, primeiro a medo, seguido de um ladrar tímido mas imponente... O som dos talheres pousados displicentemente no prato,,,
"Oh, cão! Cale-se!"
"O desgosto é a melhor forma de assassínio por nunca se encontrar a arma do crime."
by António Lobo Antunes
Aqui...
É passar por lá... Vale a pena, sim senhor
Madame Tricot - Também no Sapo
Madame Tricot - Versão Inicial